PARÓDIAS

Paródia é uma imitação cômica ou satírica de uma obra, estilo, gênero ou autor, que exagera ou distorce elementos originais para criar humor, crítica ou ironia. Geralmente mantém traços reconhecíveis do original, mas altera o contexto, tom ou conteúdo para gerar um efeito contrastante, muitas vezes com intenção de entreter ou comentar socialmente.

Estrada de Esperança e Justiça
(Paródia inspirada na música "Estrada da Vida")

Na estrada da vida, o povo a lutar
Por justiça e verdade, sem nunca se calar
Os desvios são tantos, promessas ao léu
Mas o povo acordado quer mais que um papel

No alto dos palácios, discursos ao vento
Mas o chão da favela conhece o tormento
O suor de quem luta, o clamor por razão
Queremos justiça, não mais ilusão

Os filhos do campo, as mães na cidade
Clamam por justiça, sonham com igualdade
Mas nas mãos dos poderosos, o ouro reluz
E o povo batalha por um amanhã de luz

Enquanto o povo clama, justiça no olhar
Os que têm o poder só sabem se ausentar
Nas ruas se ouve o canto, um hino de dor
Mas também de esperança por um mundo melhor

Homem é Homem, Mulher é Mulher, o Resto é Gambiarra!

Era uma vez, num vilarejo chamado Binarópolis, onde tudo era simples como um interruptor: liga ou desliga, homem ou mulher. Nada de meios-termos, nada de nuances. O lema do lugar, estampado em placas e tatuado nos braços dos moradores, era: "Homem é homem, Mulher é mulher, o resto é gambiarra!".

No centro da praça, o sábio ancião Testosterônio, com sua barba de um metro e voz de trovão, decretava as verdades absolutas. "Homens cortam lenha, caçam mamutes e nunca choram! Mulheres cozinham, bordam e sorriem mesmo com cólica! Qualquer desvio é obra de um eletricista maluco que cruzou os fios da criação!" A multidão aplaudia, brandindo machados e panelas em perfeita harmonia.

Mas, um dia, apareceu Jojazina, uma figura que ninguém conseguia encaixar. Jojjazina usava calça de couro, saia rodada, barba rala e batom cereja, tudo ao mesmo tempo. Cantava ópera enquanto consertava tratores e chorava assistindo luta livre. Os moradores, perplexos, chamaram o conselho de emergência.

Testosterônio, vermelho, contrariado, gritou: "Isso é gambiarra! Um erro de fábrica! Escolhe um lado, criatura, ou te jogamos no Rio da Normalidade!" Jojazina, calmamente, respondeu: "E se eu for a edição limitada? Nem homem, nem mulher, só Jojazina. Vós é que tão presos num disjuntor bipolar."

O vilarejo entrou em polvorosa. Uns diziam que Jojazina era um profeta, outros que era um curto-circuito ambulante. As mulheres começaram a questionar por que só elas lavavam louça. Os homens, secretamente, admitiram que gostavam de tricô. Até Testosterônio foi pego experimentando um vestido, alegando que "era só pra testar a elasticidade do tecido".

No fim, Binarópolis caiu em crise. As placas foram reescritas: "Homem, mulher, Jojazina ou o que for, cada um é o que é, e gambiarra é tentar encaixar todo mundo em duas caixas, criando uma narrativa" perniciosa. Jojazina virou prefeite, e o vilarejo nunca mais foi o mesmo. Afinal, como dizia o novo lema: "Se a vida é um circuite, que cada um ligue seus próprios fios!"

O Fato é Binarópolis, nunca mais teve paz, sossego, tranquilidade e prosperidade, pois tudo virou um pandemônio com tanta ganbiarra mal construída dando curto-circuito, no entanto, era tarde para voltarem atrás, o que parecia normal tornou-se mal que veio trajado e travestido de modernidade. Fim.

O Plenário da Fome: A Saga do Deputado Gaubeirão

Era uma vez, na calorenta Brasília, um deputado chamado Gaubeirão, conhecido por sua língua afiada e um talento inegável para transformar qualquer situação em manchete inclusive agressão. Gaubeirão, com seu terno impecável e um sorriso que parecia ensaiado no espelho, era mestre em capturar os holofotes. Mas, naquela primavera de 2025, ele se viu encurralado: o Conselho de Ética da Câmara aprovara um relatório que recomendava a cassação de seu mandato por, digamos, "excesso de entusiasmo" ao expulsar um jovem provocador das dependências do Congresso.

O motivo? Um chute mal calculado, que Gaubeirão jurava ter sido apenas "um empurrãozinho de advertência". Indignado com o que chamava de "perseguição política dos invejosos", Gaubeirão resolveu jogar sua cartada mais dramática: uma greve de fome. "Não sairei deste plenário até que a justiça prevaleça!", bradou, enquanto desenrolava um colchão de solteiro no canto do Plenário 5, sob os olhares atônitos de assessores e faxineiros. A imprensa, claro, adorou.

"Gaubeirão em Jejum: Herói ou Vilão?", estampava um jornal. "Deputado promete não comer até o fim do processo!", gritava outro. No primeiro dia, Gaubeirão posava para fotos com um copo d'água na mão, o rosto compungido, como quem carrega o peso da democracia nas costas. "É pela luta contra o orçamento secreto e os poderosos!", dizia, enquanto sua assessoria distribuía releases à imprensa.

Apoiadores chegavam em romaria: deputados aliados, ministros solidários, até um grupo de sambistas improvisou uma roda no corredor, cantando "Gaubeirão, firme na missão!". O país parou para assistir. Mas, na calada da noite, quando as câmeras dormiam, algo curioso acontecia. Um assessor fiel, apelidado de Zé Lanches, aparecia com uma mochila térmica. "Ô, chefe, trouxe um isotônico reforçado", sussurrava, entregando uma garrafinha que, estranhamente, cheirava a caldo de cana com limão.

Gaubeirão, com a gravata afrouxada, dava um gole generoso e suspirava: "Isso é só pra manter a pressão arterial, Zé. Greve de fome é ciência, não fanatismo!" No terceiro dia, Gaubeirão começou a exibir "sinais de fraqueza", segundo sua equipe. Ele aparecia nas redes sociais deitado no colchão, com olheiras desenhadas a lápis de olho (um truque aprendido com um influencer aliado). "Estou debilitado, mas a luta continua!", postava, enquanto, nos bastidores, Zé Lanches contrabandeava barrinhas de proteína disfarçadas de "suplemento médico".

A deputada Sâmia, sua fiel escudeira e esposa, assumiu o papel de porta-voz, denunciando a "injustiça" com lágrimas tão convincentes que até os adversários se comoveram. A farsa, porém, começou a rachar quando um jornalista novato, munido de um celular com zoom potente, flagrou Gaubeirão mastigando algo suspeito durante uma "meditação" no plenário.

"É apenas um chiclete sem açúcar, pra manter a mente alerta!", defendeu-se o deputado, cuspindo o que parecia ser um pedaço de pão de queijo. A internet explodiu em memes: "Gaubeirão, o mártir da barrinha de cereal" e "Greve de fome 5 estrelas: isotônico gourmet e colchão ortopédico". No oitavo dia, o presidente da Câmara, cansado do circo, ofereceu um acordo: 60 dias para Gaubeirão preparar sua defesa antes da votação final.

Era a saída perfeita. Gaubeirão, com o rosto milagrosamente menos abatido, convocou uma coletiva. "Após 200 horas de sacrifício, suspendo minha greve de fome!", anunciou, erguendo um copo d'água como se fosse champanhe. Aplausos ecoaram, e ninguém mencionou o pacote de biscoitos cream cracker encontrado sob o colchão. Gaubeirão saiu do plenário de mãos dadas com Sâmia, direto para um hospital, onde.

Segundo fontes, pediu um suco de laranja e um pão na chapa "só pra testar o estômago". A imprensa, os apoiadores e até os sambistas seguiram em frente, já buscando a próxima manchete. E Gaubeirão, com um sorriso maroto, pensava: "Se a democracia é um palco, eu sou o protagonista."

Moral da história: em Brasília, até o uso da "fome" é política, e o jejum, às vezes, vem com recheio.

O Brasilis Ideal

Era uma manhã de 2035, e o sol nascia sobre um Brasil diferente. Na Aldeia Brasilis, Alenia acordava em sua casa sustentável, com painéis solares e um jardim vertical que filtrava o ar.

O trânsito caótico era memória distante; bondes elétricos e ciclovias arborizadas conectavam a cidade. Ela abriu o tablet e leu as notícias: o desmatamento na Amazônia havia sido zerado, e o país liderava a produção de energia limpa global.

Alenia trabalhava como engenheiro em um projeto de reflorestamento no Cerrado. Sua equipe, composta por indígenas, cientistas e jovens de comunidades locais, usava drones para plantar sementes nativas e monitorar o crescimento da vegetação.

O Brasilis ideal valorizava o conhecimento ancestral tanto quanto a inovação tecnológica. "A terra fala, se soubermos ouvir", dizia Dona Marieta, uma líder quilombola que ensinava técnicas de cultivo sustentável.

Na escola de Alenia, crianças aprendiam em salas abertas, com aulas sobre cidadania, meio ambiente e história verdadeira do Brasilis, sem romantismos coloniais.

A educação era universal, gratuita e prática, formando cidadãos críticos e criativos. O analfabetismo? Erradicado há uma década.

No Rio de Oneiro, o jovem Miguelotto caminhava pelas favelas, agora transformadas em polos de empreendedorismo e cultura. O Brasilis ideal havia investido em infraestrutura e oportunidades, reduzindo desigualdades.

Ele gerenciava uma cooperativa de tecnologia que desenvolvia aplicativos para conectar agricultores familiares a mercados globais, eliminando atravessadores.

À tarde, em Brasílisia, uma sessão no Congresso discutia políticas públicas com participação popular online. A corrupção não havia desaparecido, mas a transparência radical, com blockchain rastreando cada real público tornava-a rara. Políticos eram servidores, não reis.

Ao entardecer, Alenia e Miguelotto se encontraram num festival em Salvador. Bandas misturavam samba, rap e ritmos indígenas, celebrando a diversidade.

O Brasil ideal não apagava suas cicatrizes, racismo, desigualdade e violência ainda eram lembrados, mas havia aprendido com elas. Era um país que olhava para frente, unido não por utopias, mas por trabalho coletivo e respeito mútuo.

Enquanto fogos coloriam o céu, Alenia sorriu. "Ainda temos muito a fazer", pensou. Mas, pela primeira vez, sentia que o Brasilis não era só um sonho. Espero real.

Majestade, o Futuro
(Paródia de "Majestade o Sabiá")

No sertão da esperança
A verdade sempre vai voar
Sobre os campos da mudança
Um novo dia volta a brilhar

Mas quem manda nessa história
Querem calar o sabiá
Escondendo sua memória
Pra ninguém mais recordar

Canta forte, hoje futuro
Ergue a voz sem vacilar
Que a justiça nesse mundo
Não se pode nunca sufocar 

Paródia: "Tradição é Assim"
(Baseada em "O Sol e a Lua" - Pequeno Cidadão)

No terreiro tem batuque, é o som da tradição,
Vovó conta histórias com café e emoção.
Tem dança de roda, tem São João pra pular,
Cultura é a ponte que não deixa desmoronar!

Tradição é assim, é o que nos faz sorrir,
Raízes que abraçam, não vão sumir.
Cultura é o chão, é o nosso coração,
Vem comigo, vem viver essa canção!

Na feira tem cuscuz, tem acarajé também,
O artesão faz renda, o povo diz amém.
Tem frevo na rua, tem maracatu no ar,
É o Brasil cantando, ninguém pode calar!

Tradição é assim, é o que nos faz sorrir,
Raízes que abraçam, não vão sumir.
Cultura é o chão, é o nosso coração,
Vem comigo, vem viver essa canção!

De norte a sul, o tambor vai soar,
Cada canto tem um jeito de se expressar.
É cordel, é capoeira, é o boi a rodar,
Tradição e cultura, vamos celebrar!

Tradição é assim, é o que nos faz sorrir,
Raízes que abraçam, não vão sumir.
Cultura é o chão, é o nosso coração,
Vem comigo, vem viver essa canção!

O Gaúcho e a Prenda (Paródia)
(Inspirada no estilo humorístico e na cultura gaúcha)

No pago do Rio Grande, onde o churrasco é lei,
Tinha um gaúcho faceiro, que se chamava Juca Rei.
Com bombacha bem esticada, chapéu tapando a testa,
Ele sonhava com a prenda que lhe roubava a sesta.

Ô prenda, minha prenda, vem dançar um vanerão,
Mas não pisa no meu pé, que eu sou brabo no chimarrão!
Te dou um churrasco inteiro, com pão e vinagrete,
Mas não me pede Wi-Fi, que aqui o sinal não mete!

A prenda era Maria, dançava como ninguém,
Com vestido rodado, parecia um trem.
Mas tinha um jeito moderno, vivia no celular,
Postava no Instagram: "#VidaDePrenda sem parar!"

O Juca tentou conquista, com verso e violão,
Mas a Maria respondeu: "Cadê teu 4G, meu irmão?"
Ele ofereceu um mate, bem quente pra agradar,
Mas ela quis cappuccino, pro stories ostentar.

Ô prenda, minha prenda, vem dançar um vanerão,
Mas não pisa no meu pé, que eu sou brabo no chimarrão!
Te dou um cavalo bueno, pra trotear no potreiro,
Mas não me pede delivery, que aqui é tudo caseiro!

Um dia no fandango, Juca resolveu tentar,
Desligou o roteador, pra Maria não postar.
Com um xote bem juntinho, ele começou a cantar,
E a prenda, sem sinal, decidiu se apaixonar.

Agora no rancho velho, vivem em harmonia,
Juca assa uma costela, Maria faz selfie todo dia.
Mas quando o sinal cai, ela aprende a lição:
Nada melhor que um gaúcho e um fogo de chão!

Ô prenda, minha prenda, agora é só vanerão,
Teu celular tá de lado, quem brilha é o chimarrão!
No pago do Rio Grande, com amor e tradição,
O gaúcho e a prenda vivem de mão na mão!

A Liga dos Ratos no Celeiro

Era uma vez um celeiro habitado por vários ratos. Alguns ratos, mais espertos, decidiram monopolizar o alimento armazenado, deixando os outros com fome. Eles formaram a "Liga dos Ratos Poderosos" e escondiam os grãos em um canto secreto do celeiro. .

Cada vez que um rato comum tentava se queixar, a liga se unia para silenciá-lo e, se necessário, inventava desculpas ou culpava o gato. Certo dia, um rato jovem e corajoso descobriu o esconderijo dos grãos e tentou alertar os outros. Mas a liga rapidamente se reuniu, criando uma armadilha para acusá-lo de roubo.

Eles convenceram os outros ratos de que estavam apenas "protegendo o celeiro". No final, enquanto a Liga dos Ratos continuava se protegendo mutuamente, o celeiro foi invadido por um grande grupo de gatos. Sem a união dos ratos comuns, todos perderam o celeiro – inclusive os corruptos.

Moral da história: A corrupção não só prejudica os outros, mas também destrói a coletividade e o futuro de todos.

"Fogo Cruzado na Praça: A Disputa entre Força e Prudência"

**Flávio Dino:** Mucio, não tem mais conversa. Esses "patriotas" estão na Praça dos Três Poderes desafiando a democracia. É hora de agir com firmeza. Vamos prender todos, sem exceção. Quem tá lá é golpista, ponto final.
**José Múcio:** Calma, Flávio. Prender todo mundo? Isso é uma loucura, homem! Você já pensou no tamanho do caos que isso vai gerar? Não dá pra sair algemando milhares de pessoas assim, sem critério, sem prova concreta. Vai virar um pandemônio.
**Flávio Dino:** Sem critério? Eles estão lá gritando contra o governo, pedindo intervenção militar. Isso não é liberdade de expressão, é crime. Se a gente não mostrar força agora, essa bagunça vai crescer. Eu não vou ficar de braços cruzados.
**José Múcio:** Força é uma coisa, exagero é outra. Olha, eu entendo a gravidade, mas você precisa separar o joio do trigo. Nem todo mundo ali é golpista de carteirinha. Tem gente que tá só no calor do momento. Se jogar todo mundo na cadeia, vai dar munição pra eles gritarem "perseguição". É jogar lenha na fogueira.
**Flávio Dino:** E o que você sugere, então? Deixar eles quebrarem tudo, como se nada tivesse acontecendo? O Supremo tá de olho, o povo tá cobrando. Eu não vou ser o ministro que deixou a democracia virar pó por falta de pulso.
**José Múcio:** Não é falta de pulso, é bom senso. Identifica os líderes, os que tão incitando violência, e age pontualmente. Prender todo mundo é dar um tiro no pé. Além do mais, logisticamente, como você faz isso? Não tem cela pra tanto patriota, Flávio.
**Flávio Dino:** Celas eu arrumo. O recado tem que ser claro: quem ameaça o Estado paga o preço. Se ficarmos nessa de "bom senso", eles vão achar que podem fazer o que quiserem.
**José Múcio:** E se você for com essa sede toda, eles vão achar que tão certos em chamar isso de ditadura. Pensa bem, Flávio. Uma coisa é defender a ordem, outra é criar um monstro maior ainda. 

Fetiche por Prisão

No silêncio opressivo da cela, Presidiária ouvia o eco dos próprios pensamentos. As paredes cinzentas, marcadas por arranhões de unhas e súplicas antigas, pareciam pulsar com uma energia que ela não explicava, mas desejava. Não era a primeira vez que estava ali. Também não seria a última.

Tudo começou anos atrás, numa noite de chuva, quando ela, por impulso, quebrou a vitrine de uma loja de antiguidades. Não queria roubar nada e não roubou, o vidro estilhaçado, a sirene cortando o ar, as algemas frias mordendo seus pulsos... era isso que a atraía. A sensação de ser capturada, de perder o controle, de ser reduzida a um número numa ficha policial. Cada detalhe a eletrizava: o clique das algemas, o peso das grades se fechando, o olhar severo dos guardas que, sem saber, alimentavam seu segredo.

Presidiária não era criminosa, não no sentido comum. Era arquiteta, filha de uma família respeitável, com uma vida que qualquer um invejaria. Mas a liberdade a sufocava. O mundo lá fora, com suas escolhas infinitas e rotinas previsíveis, parecia uma prisão invisível. Paradoxalmente, era atrás das grades que ela se sentia viva, protegida.

Naquela noite, sua mais recente infração, grafitar um muro público com versos de Baudelaire a levou de volta à delegacia. Sentada no banco duro da cela, ela observava as sombras dançando sob a luz fraca. Um guarda, novato, aproximou-se, hesitante.

— Por que faz isso? — perguntou ele, a voz misturando curiosidade e reprovação. Tu não parece... desse tipo.

Presidiária sorriu, os olhos brilhando com uma intensidade que o desconcertou. Ela passou os dedos pelas algemas, sentindo o metal gelado contra a pele.

— Tu já quis se sentir pequeno? — respondeu, a voz baixa, quase um sussurro. — Como se o mundo inteiro decidisse por Ti, só por um momento?

O guarda franziu a testa, sem entender. Ela não esperava que ele entendesse. Ninguém entendia. Para eles, a prisão era castigo. Para Presidiária, era seu lugar, seu fetiche atrevido.

Horas depois, liberada sob fiança, ela caminhou pelas ruas escuras, o coração ainda acelerado. Sabia que voltaria. Sempre voltava. As grades a chamavam, e ela, devota fiel, atendia ao chamado sem hesitar.